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Na atmosfera, a pressão de oxigênio é de 150mmHg. À medida que o ar percorre a árvore traqueobrônquica, em direção aos alvéolos, a pressão parcial do oxigênio é reduzida para aproximadamente 100mmHg ao misturar-se com o ar residual, de pressão de oxigênio mais baixa, devido à remoção de oxigênio pelo sangue.
O gradiente através do leito capilar alveolar dos pulmões é de aproximadamente 10mmHg, produzindo uma pressão parcial de oxigênio no sangue de 90mmHg. Neste nível de oxigênio, a hemoglobina do sangue circulante apresenta uma saturação de aproximadamente 97%, com um conteúdo de cerca de 20ml/100cm3 de sangue. O oxigênio dissolvido no plasma, em solução física, atinge, 0,3ml/100cm3 de sangue (0,3 volumes %).
A inalação de oxigênio a 100%, na pressão atmosférica normal, aumenta a tensão de oxigênio do ar respirado de 150 para 760mmHg. A pressão parcial atingida no sangue venoso pulmonar, aproxima-se de 650mmHg.
Este aumento da pressão parcial do oxigênio não afeta significativamente o nível de oxihemoglobina transportada do sangue, cuja saturação aumenta apenas de 97 para 100%. Aumenta, entretanto, o conteúdo do oxigênio dissolvido no plasma, para um nível de 2ml/100cm3 de sangue, ou 2 volumes %. Esta alteração corresponde a um aumento de 700% do oxigênio dissolvido e é igual a 10% do oxigênio transportado pela hemoglobina.
A partir do momento em que o paciente é posto no meio de pressão igual a 2 atmosferas, a pressão parcial do oxigênio no meio ambiente é elevada de 760mmHg para 1520mmHg. Respirando o oxigênio a 100%, com uma pressão parcial de 1520mmHg, a pressão parcial do oxigênio do sangue arterial eleva-se para 1400mmHg. Isto aumentará o conteúdo de oxigênio dissolvido no plasma para um nível de 4ml para 100cm³ de plasma. Sem aumento adicional no oxigênio transportado pela hemoglobina, o oxigênio dissolvido corresponde agora a 20% do oxigênio na hemoglobina.
Quando a pressão do meio em que se encontra o paciente é elevada para 3 atmosferas, a pressão parcial do oxigênio disponível para a respiração deste gás a 100% é aumentada para 2280mmHg, de modo que o conteúdo do oxigênio dissolvido no plasma é de 6 volumes %. O aumento do oxigênio dissolvido no plasma é diretamente proporcional ao aumento da pressão ambiente (Lei de Henry). Com a pressão parcial do oxigênio a 3000mmHg, os 6 volumes % de oxigênio dissolvido excedem a diferença de 4 a 5 volumes %.
O oxigênio dissolvido pode, então, proporcionar a maior parte do oxigênio extraído pelo cérebro, pelas vísceras, pelos rins e pelos músculos inativos. Uma grande porção do oxigênio extraída pelo miocárdio pode ser suprida por este oxigênio não combinado, permitindo assim a existência de “vida sem sangue” ou hemoglobina.
Para, além disso, a Oxigenoterapia Hiperbárica causa uma vasoconstrição hiperóxica, não hipoxemiante, seletiva, que ocorre predominantemente ao nível dos tecidos sãos, com atenuação do edema e redistribuição da volemia periférica a favor dos tecidos hipóxicos (efeito Robin Hood), reforçando os efeitos anti-isquêmicos e anti-hipóxicos desta terapêutica.
Em determinadas situações patológicas que cursam com hipóxia ao nível dos tecidos, como no caso das feridas, essa maior disponibilidade local de oxigênio molecular, promove a sua cicatrização através do aumento, quantitativo e qualitativo do colágeno fibroblástico depositado ao nível da matriz extracelular do tecido conjuntivo; estimulação da angiogênese local; reepitelização; e; combate à infecção local com aumento da atividade fagocitária das bactérias e da sua lise, sinergismo em relação a certos antibióticos, efeito bacteriostático e bactericida.